Amazônia – Civilidade e Sustentabilidade

Não é à toa que a Amazônia seja disputada e discutida por vários países. Recém chegado do Alto Solimões no Estado do Amazonas, tive a oportunidade de trabalhar e conhecer melhor nossos vizinhos do Norte. Estes homens e mulheres, verdadeiros brasileiros, vivem com simplicidade mas com alegria estampada no rosto marcado pelo sol forte, típico da região. Recebem os visitantes e trabalhadores oriundos de outras regiões, de braços abertos, depositando muito respeito e confiança. Verdadeiros cidadãos e patriotas, defendem ferrenhamente nossa cultura, valores e a nossa terra.

A Amazônia nosso maior patrimônio, representa o futuro e a esperança desse povo e de toda uma Nação. De proporções continentais e com pouco mais de 500 anos, o Brasil ainda precisa de muitos projetos e incentivos. Projetos ‘Sustentáveis’ como os que vivi e  participei no último ano. Façamos um parêntese, para um breve depoimento.

Durante vários meses, crianças, jovens de várias idades e adolescentes prepararam-se com seus instrumentos afinadíssimos para o 7 de Setembro. Ruas escuras e mal sinalizadas, a falta de energia (comum na região) e o calor formavam o palco destes jovens notáveis que representam a esperança de nosso povo e que se preparou com tanto esmero para a data esperada. Em meio a devaneios e uma parcela saudosista, remeto-me à minha infância no interior de São Paulo. Naquela época os desfiles em todo o País eram esperados ansiosamente. Alguns televisionados. Saíamos às ruas empolgados e disputávamos os melhores lugares à frente na Avenida, enquanto passavam com pompa os blindados, meio a uniformes impecáveis e ao som da banda afinada.

A cidade de Tabatinga onde morei e trabalhei no Amazonas fica à aproximadamente 1.800 Km de Manaus e só se chega de barco ou de avião. Tabatinga é uma palavra de origem tupi (towa’tinga’)que significa ‘barro esbranquiçado’ éum tipo de pedra argilosa encontrada em rios e lagos. Localizada no Alto Solimões, faz fronteira com a cidade de Letícia (considerada capital colombiana da Amazônia) e Santa Rosa (cidade peruana localizada na margem oposta do Rio Solimões). Com pouco mais de 45.000 habitantes e ainda em desenvolvimento, é palco de discussões e atenção. Fortemente patrulhada e vigiada pelas Forças Armadas e outros poderes, por ser conhecida como “porta de entrada” do narcotráfico, vive-se com cautela, meio a realidade e o livre trânsito entre os países fronteiriços. Várias questões sócio-econômicas vêm sendo discutidas e assistidas meio às várias obras e melhorias nos municípios da região, focados em Projetos Sustentáveis e Participação da Sociedade. Uma terra cheia de contrastes sociais e culturais, de credos, cores e sabores, de raças e etnias. De beleza única, dobrei-me aos caprichos e curiosidades do lugar.

Viagens semanais pelo Rio Solimões (rio ainda jovem e em formação segundo estudiosos) em meio à perigos naturais, era possível cruzar com os botos cor de rosa entre outros espécimes, em pleno curso à bordo das “voadeiras” (lanchas rápidas com capacidade até 16 passageiros), as quais utilizamos para os deslocamentos para os outros municípios.

Outra curiosidade é a rodovia BR-307 que liga as cidades de Benjamim Constant e Atalaia do Norte em plena Floresta Amazônica, com pouco mais de 25 Km de extensão, encurtando as distâncias, melhorando a qualidade de vida da população, dos ribeirinhos e comunidades indígenas que antes era feita via fluvial ou via terrestre em acessos de terra precários. Em cima de uma motocicleta por esta rodovia, vivi aventuras memoráveis misturadas ao trabalho árduo nestes municípios.

Sustentabilidade, palavra ainda nova inserida em nosso vocabulário, têm sido largamente empregada em vários projetos que o governo do Estado do Amazonas, através de empresas e entidades e o ‘World Bank’ vêm realizando com sucesso. Me sinto envaidecido por ter contribuído com uma pequena parcela de meu conhecimento nesses projetos no último ano. Na certeza que garantirão com responsabilidade social, melhores condições e qualidade de vida para as próximas gerações.

Texto escrito por Engº. Civil Eduardo Cavallini e dedicado a Engª. Civil Luciane Brandão

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